Estima-se que aproximadamente 10 (dez) núcleos familiares poderão se beneficiar das atividades de produção projetada no cultivo de oliveira e produção agroflorestal, em caráter definitivo ou sazonal.
Futuramente, a olivicultura e a produção de azeite bem como o sistema agroflorestal sintrópico terão função adicional de educação socioambiental com projetos de cooperação nacional e internacional na área de permacultura e biodinâmica, economia regenerativa, com capacitação das populações vizinhas em princípios de manejo utilizando o presente projeto como divulgação e fomento econômico da região, impactando positivamente o conhecimento das gerações atuais e vindouras sobre o manejo sustentável e fundamento agroecológico.
PROJETO DE CULTIVO E SISTEMA AGROFLORESTAL
A implantação da área de cultivo de oliveira será na parte norte da propriedade, e serão utilizados 11.200 metros quadrados de área de pastagem com declividade entre 25 e 45% com o plantio de aproximadamente 600 indivíduos. Para amenizar os impactos no ambiente, a oliveira será plantada em curva de nível para reduzir os impactos erosivos sobre o solo. Nas entrelinhas de plantio das oliveiras serão plantadas culturas agrícolas de pequeno porte e plantas fixadoras de nitrogênio que servirão como adubação verde e plantas de cobertura de solo que servirão como proteção do solo promovendo melhorias na fertilidade do solo, na disponibilização de nutrientes, retenção de água e redução dos processos erosivos. O sistema agroflorestal será implantado na porção central da propriedade, onde serão utilizados em torno de 2.600 metros quadrados de área de pastagem, e serão consorciadas espécies florestais, palmeiras e culturas agrícolas. Todo o plantio será realizado em curva de nível para amenizar os impactos ambientais e gerar ganhos ambientais.
A proposta aqui apresentada é totalmente consistente com os princípios, ideais e propósitos fundamentais da preservação do bioma. Naturalmente que não se pretende retomar a extensão da Mata Atlântica da época do descobrimento ou mesmo de décadas atrás. O projeto propõe que a área de Mata Atlântica será restaurada, ainda que a área seja considerada "área consolidada" para os fins do Código Florestal. O fato do Código Florestal não a considerar mais Área de Preservação Permanente não pode resvalar na errônea conclusão de que ela não é mais Mata Atlântica.
Contudo, neste momento a proposta de recuperação de área se coloca em área distinta da observada como degradada pelas queimadas de 2011. Ocupa área de extensão similar, porém agregada a zona de APP já estipulada e margeando o curso de água. Esta proposta intensificará a recuperação da área conectada com importante recurso hídrico da propriedade.
Como na área existem fragmentos de mata compondo a reserva legal e a APP, o plantio da oliveira que é uma espécie perene, embora exótica, será uma alternativa de proteção para as áreas de mata minimizando o efeito de borda. O plantio de espécies exóticas nesses casos é fundamentado no Art. 10. § 2º da Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006 que relata o controlar o efeito de borda nas áreas de entorno de fragmentos de vegetação nativa com o plantio de espécies florestais, nativas ou exóticas.
A combinação da espécie exótica com as demais nativas formará uma nova cobertura florestal que propiciará a manutenção das funções primordiais da biodiversidade do bioma, na direção proposta pela Recomendação Administrativa Conjunta MPMG/CAOMA 02/2020 , por reconhecer e influenciar positivamente: a) o fornecimento de água potável oriunda dos mananciais; b) controle da estabilidade do solo, evitando o assoreamento dos rios, enchentes e o deslizamento de encostas e morros, o que poupa vidas e diversos outros prejuízos ambientais, econômicos e sociais; c) controle térmico, de precipitações pluviométricas mais extremas, de elevação do nível do mar e de outros eventos catastróficos; d) controle da desertificação; e) aspecto paisagístico e o bem-estar físico e psíquico; g) fomento do turismo sustentável na região. Assim, a implantação da espécie exótica (oliveira), perene, de alta rusticidade, mediante práticas de cultivo orgânico e biodinâmico, portanto sem utilização de defensivos agrícolas prejudicais ao meio ambiente implicará na regeneração da área outrora ocupada ao ser aplicada em conjunto com os outros métodos aqui descritos.
PROJETO DE RECUPERAÇÃO DA ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE
A propriedade possui 17,700 metros quadrados de área de preservação permanente (APP) . Desse total de APP da propriedade, cerca de 8.500 metros quadrados estão antropizados e serão recuperados
A cobertura vegetal da APP antropizada da propriedade é composta por pastagem e será substituída por espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas nativas do bioma Mata Atlântica, serão utilizadas espécies nativas da região para que a o processo de recuperação possa retornar o ambiente o mais próximo do original.
Formas de Recuperação da Área
O processo de recuperação da área será feito utilizando as seguintes técnicas: condução da regeneração natural de espécies nativas e plantio de espécies nativas. O plantio de espécies nativas será conduzido de forma conjugada com a condução da regeneração natural. Além da condução da regeneração natural e do plantio de espécies nativas, será feito o plantio de sementes de diversas espécies em processo conhecido como “muvuca de sementes”. Na área a ser recuperada será criado um mosaico de ilhas de recuperação com as diferentes técnicas de recuperação citadas acima. Dos 8.500 metros quadrados de área de APP antropizada existentes, 1/3 da área será recuperada com condução da regeneração natural, 1/3 com plantio de espécies arbóreas nativas e 1,3 da área recuperada com plantio de muvuca de sementes.
a) Condução da regeneração natural de espécies nativas
Na propriedade e no seu entorno existem fragmentos florestais conservados em diferentes estágios médio/avançado de regeneração. Esses fragmentos são fontes de propágulos que promovem a dispersão de sementes para as áreas do entorno e também são abrigo para a fauna que promove a dispersão de sementes. A chegada desses novos propágulos na área a ser recuperada e sua posterior condução é uma forma de recuperar a área antropizada. Para a proteção da regeneração na APP será feito o isolamento da área e neste local não será mais feita a roçada da área. Como na propriedade não serão criados animais que podem causar o pastejo da regeneração, não será necessário realizar o isolamento da área com cerca. Serão delimitadas áreas de aproximadamente 300 metros quadrados para se iniciar o processo de regeneração natural. Durante a condução da regeneração natural serão feitas roçadas das espécies de gramíneas para eliminar a competição com as espécies nativas arbóreas para garantir o desenvolvimento satisfatório das espécies nativas.
b) Plantio de espécies nativas
O plantio de espécies nativas será uma forma de acelerar o processo de restabelecimento de uma floresta com árvores de maior porte, o sombreamento irá contribuir para a eliminação das gramíneas exóticas da pastagem. Com o passar do tempo, o crescimento das raízes irá contribuir para agregação do solo e facilitar a infiltração de água no solo. O desenvolvimento das copas das árvores irá formar um dossel que irá proteger o solo contra os efeitos erosivos da água e ao mesmo tempo irá contribuir para o aporte de serapilheira ao solo que contribuirá para a melhoria da atividade biológica do solo, incremento de matéria orgânica, adição de nutrientes, todos esses processos irão favorecer os processos de sucessão ecológica. Serão utilizadas espécies pertencentes aos grupos ecológicos pioneiras, secundárias e clímax. Serão plantadas espécies como a Araucaria angustifolia (araucária), Maclura tinctoria (amoreira), Schinus terebinthifolius (aroeira pimenteira), Machaerium nictitans (bico-de-pato), Campomanesia xanthocarpa (gabiroba), Inga fagifolia (ingá feijão), Handroanthus sp (ipê), Copaifera trapezifolia (pau óleo), Cedrela fissilis (cedro rosa), Croton urucurana (sangra d'água), Schizolobium parahyba (guapuruvu), Hymenaea courbaril (jatobá), Anadenanthera macrocarpa (angico), Luehea divaricata (açoita cavalo), Balfourodendron riedelianum (guatambu).
c) Plantio de muvuca de sementes
O plantio será baseado na mistura de sementes de culturas agrícolas, adubação verde e florestais que segue a lógica da sucessão florestal com espécies de ciclo longo e ciclo curto. Esta combinação cria um ambiente agroflorestal que favorece a melhoria das condições do solo e do ambiente que favorece o estabelecimento de novas espécies. Para realizar o plantio, a área será roçada e posteriormente será removida todas a cobertura de gramíneas da superfície deixando o solo exposto para o plantio das sementes. As sementes serão plantadas em áreas de 300 metros quadrados, na área de plntio será adicionado esterco bovino ao solo onde serão plantadas as sementes. Serão utilizadas as seguintes espécies: Ipê verde, Copaíba, Quina, Cedro Rosa, Macela, Espinheiro Maricá, Sangra D'água, Araucária, Tamboril, Saboneteira, Araticum, Canna, Araçá Amarelo, Araçá vermelho, Araticum, Capixingui, Candeia, Goiaba, Guapuruvu, Jacarandá do Campo, Jatobá, Lobeira, Mamica de porca, Mutambo, Murici da Serra, Olho de cabra, Palmeira Jussara, Pau toucinho, Urucum, Pata de vaca, Mucúna preta, Pimenta biquinho, Pimenta malagueta, Pimenta branca, Cipó escova de macaco, Angico, Açoita cavalo miúdo, Jerivá, Canela pimenta, Guatambu. Após o plantio será feito o acompanhamento das áreas para verificar a germinação e se controle de gramíneas. Caso ocorra alguma falha na germinação serão feitas medidas para garantir a germinação.
Paková Katu
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